
Apesar da circulação do influenza ocorrer durante todo o ano, já é conhecida a sua maior circulação entre os meses de maio e junho. No entanto, como a imunização pode demorar 30 dias para atingir seu pico máximo de proteção, especialistas recomendam já antecipar a vacinação para a produção do nível adequado de anticorpos antes do maior risco de exposição. A recomendação é que todas as faixas etárias procurem ser imunizadas.
Estima-se que, no mundo, a gripe acometa cerca de 5 a 10% da população de adultos e 20-30% de crianças, causando de 3 a 5 milhões de casos graves e 250.000 a 500.000 mortes todos os anos. Em 2016, observou-se que, aproximadamente, 30% dos casos da doença no país são causados pelo vírus influenza, com predomínio do tipo A (H1N1). Este ano, até o momento, H3N2 tem registrando maior incidência.
A campanha de vacinação do Ministério da Saúde contra a gripe terá início no mês de abril para crianças, idosos, gestantes e pessoas portadoras de doenças crônicas. "Esse público está mais propenso a evoluir com formas mais graves da doença, inclusive, com maior probabilidade de chegar a óbito", é o que explica a Dra. Priscila Saleme, médica infectologista do setor de vacinas do Laboratório Padrão do Grupo Hermes Pardini. No entanto, a especialista alerta para a vacinação de todas as faixas etárias, a partir dos 6 meses de idade. "Apesar de a gripe normalmente apresentar formas mais graves em pessoas com fatores de risco, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacinação de todos com o intuito de se obter uma proteção individual contra a doença, o que é possível de se obter por meio das clínicas privadas de vacinação e a um custo acessível".
A Dra. Priscila ainda chama a atenção para o tempo que a vacina leva para oferecer proteção. "Após a vacinação, demora-se em torno de 4 a 6 semanas para atingir-se o pico máximo de anticorpos. Quanto antes as pessoas se vacinarem, portanto, é melhor. Isso é interessante, pois, quando chegar o período de maior circulação do vírus, que ocorre nos meses de maio e junho, parte da população já vai estar com nível de anticorpos adequados para a melhor proteção. Lembrando que a vacinação contra a gripe deve ser anual, pois a vacina só fornece proteção pelo período médio de 6 meses a 1 ano."
Ambas as vacinas disponíveis no mercado, Trivalente e Quadrivalente, são desenvolvidas anualmente de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual, por meio de um sistema de vigilância epidemiológico, define as cepas que estão em circulação no mundo. Nesse sentido, a composição da vacina pode se alterar de um ano para o outro. "Isso foi o que ocorreu com a vacina disponível em 2017, a qual apresenta uma pequena diferença em relação a vacina de 2016", diz a médica. A Cepa de Influenza A (H1N1) foi alterada do subtipo Califórnia para o subtipo Michigan.
Assim, a vacina Trivalente oferece proteção contra dois (02) tipos de Influenza A e um (01) tipo de Influenza B. Já a vacina Quadrivalente oferece uma cepa adicional de influenza tipo B. Nesse sentido, a pessoa que vacinou-se com a Quadrivalente não precisa se vacinar com a Trivalente.
Vacina Trivalente: dois tipos de cepas do vírus Influenza A e um tipo de cepas do vírus Influenza B:
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2);
- um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
Vacina Quadrivalente: dois tipos de cepas do vírus Influenza B e dois tipos de cepas do vírus Influenza A:
- um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
- um vírus similar ao vírus influenza A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2);
- um vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane/60/2008.
Imunização completa
Outro fator importante é que não adianta vacinar-se apenas contra uma doença e não buscar atualizar todo o cartão vacinal. De acordo com a Dra Priscila Saleme, "é fundamental que uma pessoa, seja ela de qualquer faixa etária, esteja sempre com o cartão de vacinas completo. No caso das doenças típicas dos meses mais frios, por exemplo, não adianta vacinar-se apenas contra a gripe e não se atentar para a imunização contra outras doenças prevenidas com a vacinação, como a Pneumonia bacteriana". Por ser um período de maior exposição a ambientes fechados, há maior circulação de germes entre as pessoas. Assim, aquele que estiver com o cartão de vacinas incompleto estará imune à influenza, mas vulnerável a outros vírus e a bactérias. "É fundamental que, durante a oportunidade de vacinação contra a gripe, as pessoas procurem se informar sobre a possibilidade de receberem outras vacinas contra doenças como a meningite, o herpes zoster, o dengue, as quais podem não estar disponíveis no sistema único de saúde ainda, mas podem ser adquiridas através dos serviços privados", alerta a médica do Padrão.